sábado, 13 de novembro de 2010

O Rosário: Reflexões de São Luís Maria Grignion de Montfort


Hoje compartilho com todos estas reflexões de São Luís de Montfort acerca da oração do Rosário.

Ah se soubéssemos o quão valiosas são as preces do Rosário! Elas nos unem intimamente aos mistérios da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo. Além de ser uma esplêndida forma de meditação cristã que, na adoração a Deus, também nos acolhe e nos serve de refúgio para as vicissitudes dos dias.
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Para bem recitar vosso Rosário (I)

Para bem recitar o Rosário, após invocar o Espírito Santo, colocai-vos, por alguns instantes, diante da presença de Deus (...).

Antes de cada dezena, concentrai-vos por alguns momentos, segundo a vossa disponibilidade, para considerar o mistério que estais a celebrar naquela dezena e pedi, sempre, que, por esse mistério e pela intercessão da Virgem Santíssima, uma das virtudes que mais se destacam nesse mistério ou a virtude mais necessária para a vossa redenção.

Cuidai, principalmente, para não cairdes nos dois erros mais comuns cometidos por aqueles que rezam o Terço ou o Rosário. O primeiro é o de rezar sem pensar numa intenção, de maneira que, se perguntardes qual a intenção pela qual rezam o Terço, não saberão responder. Assim, deveis sempre ter em vista, ao recitar o Rosário, o pedido de uma graça, uma virtude à qual desejais vos assemelhar, ou algum pecado que desejais destruir em vosso coração.

O segundo erro que habitualmente cometemos, ao rezar o santo Rosário, é o de não ter qualquer intenção ao recitá-lo, a não ser a de terminá-lo rapidamente. Isso decorre do fato de olharmos o Rosário como algo oneroso, que pesa sobre nossos ombros, quando não o rezamos e, mormente, quando dele fazemos um princípio de consciência, ou quando o recebemos como penitência e sem vontade própria.


Para bem recitar vosso Rosário (II)

É de lastimar, quando vemos como a maioria das pessoas reza o Rosário. Elas o fazem com uma rapidez impressionante, chegando a engolir parte das palavras. Ninguém gostaria de cumprimentar, de saudar o último dos homens, desta forma ridícula e desrespeitosa; mas, apesar de rezarem assim, maquinalmente e sem qualquer devoção, acreditam que estão honrando Jesus e Maria!

A partir daí, será que temos que nos espantar se as mais santas orações da religião cristã não produzem quase frutos e se, após mil, e dez mil Rosários rezados, não conseguimos nos tornar mais santos?

Para bem recitar vosso Rosário (III)

O bem-aventurado Alain de la Roche e outros autores, entre os quais Bellarmin, contam que um bom Padre aconselhou a três de seus penitentes, na verdade, três irmãs, a recitar o Rosário com toda a devoção, durante um ano, sem deixar de fazê-lo nenhum dia, para assim tecer uma bela veste de glória para a Santa Virgem e que este teria sido um segredo que ele recebera do céu.

Como lhes fora recomendado, as três irmãs rezaram o Rosário durante um ano inteiro. No dia da Purificação, à noite, estando deitadas, receberam a visita da Virgem Santa, acompanhada de santa Catarina e de Santa Inês. Nossa Senhora portava vestimenta que irradiava luzes deslumbrantes, e nela se espalhava, em letras de ouro “Ave Maria gratia plena”, frase que se repetia em toda a roupa luminosa. A Rainha dos Céus aproximou-se do leito da primogênita das irmãs dizendo-lhe: “Eu te dirijo a minha saudação, minha filha, pois com tanta frequência e fervor me saudaste. Vim para agradecer as belas vestimentas que fizeste para mim.” As duas santas virgens, Catarina e Inês, que a acompanhavam, agradeceram, igualmente e, em seguida, as três desapareceram.

Uma hora mais tarde, a Virgem Maria, com as duas companheiras retornou ao quarto das irmãs. Estava vestida com uma roupa verde, mas sem ouro nem luz, e aproximando-se do leito da segunda jovem, agradeceu o vestido verde que ela lhe havia feito, através da oração do Rosário. Contudo, como esta segunda jovem havia visto a Virgem aparecer à irmã mais velha, com muito mais brilho, perguntou-lhe o motivo da diferença. Maria respondeu-lhe: “É porque sua irmã, rezando o Rosário com mais devoção que você, fez-me vestimentas muito mais belas do que as suas.”

Aproximadamente uma hora depois, a Virgem apareceu pela terceira vez à mais jovem das irmãs; desta vez, trajava um andrajo sujo e rasgado e disse-lhe: “Ó filha, assim você me vestiu, e eu lhe agradeço.” A mocinha, confusa, gritou: “Como? Minha Senhora e Mestra, eu vos vesti desta forma tão desprezível? Peço o vosso perdão. Peço que me concedais um pouco mais de tempo para que eu vos possa preparar uma bela vestimenta, recitando melhor o Rosário.”

São Luís Grignion de Monfort,
A eficácia maravilhosa do Santíssimo Rosário, nº128

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