terça-feira, 31 de maio de 2011

Fora da Igreja não há salvação



Esta frase sempre levanta polêmicas. Mas o que realmente ela quer dizer?

Vejamos o que nos diz o Catecismo da Igreja Católica:

846. Como deve entender-se esta afirmação, tantas vezes repetida pelos Padres da Igreja? Formulada de modo positivo, significa que toda a salvação vem de Cristo-Cabeça pela Igreja que é o seu Corpo:
O santo Concílio "ensina, apoiado na Sagrada Escritura e na Tradição, que esta Igreja, peregrina na terra, é necessária à salvação. De fato, só Cristo é mediador e caminho de salvação. Ora, Ele torna-Se-nos presente no seu Corpo, que é a Igreja. Ao afirmar-nos expressamente a necessidade da fé e do Batismo, Cristo confirma-nos, ao mesmo tempo, a necessidade da própria Igreja, na qual os homens entram pela porta do Batismo. É por isso que não se podem salvar aqueles que, não ignorando que Deus, por Jesus Cristo, fundou a Igreja Católica como necessária, se recusam a entrar nela ou a nela perseverar".
847. Esta afirmação não visa aqueles que, sem culpa da sua parte, ignoram Cristo e a sua igreja:
"Com efeito, também podem conseguir a salvação eterna aqueles que, ignorando sem culpa o Evangelho de Cristo e a sua Igreja, no entanto procuram Deus com um coração sincero e se esforçam, sob o influxo da graça, por cumprir a sua vontade conhecida através do que a consciência lhes dita".
848. "Muito embora Deus possa, por caminhos só d'Ele conhecidos, trazer à fé, "sem a qual é impossível agradar a Deus", homens que, sem culpa sua, ignoram o Evangelho, a Igreja tem o dever e, ao mesmo tempo, o direito sagrado, de evangelizar" todos os homens.

Embora o texto seja suficientemente claro, cabem aqui algumas observações:

1) Cristo é o nosso único Salvador, pois "Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos." (At 4, 12). 

2) Embora seja único, Cristo não é "sozinho". Ele possui um corpo. E quem é esse corpo de Cristo? Diz São Paulo: " (...) Cristo é o chefe da Igreja, seu corpo, da qual ele é o Salvador" (Ef 5, 23). Assim seremos salvos através de Cristo, desde que estejamos unidos ao seu corpo, desde que estejamos unidos ao Cristo todo. Temos necessidade do Cristo cabeça e do corpo de Cristo.

3) Qualquer igreja é parte deste corpo? Não é o que diz São Paulo: "Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo." (Ef. 4, 5).  Isso é óbvio, pois a Verdade é única e indivisível. 

4) Mas entre tantas "fés" diferentes, como saber qual é a única verdadeira? Devemos buscar a Igreja que o próprio Cristo fundou para ser Seu corpo, pois Ele mesmo disse: "E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela". (Mt 16, 18). Apenas uma Igreja...apenas um corpo...apenas um batismo...apenas uma fé...pois somente na verdade há unidade; a multiplicidade é característica do erro. 


5) Então, a Igreja é necessária.Mas quem faz parte da Igreja? Apenas as pessoas que eu vejo na Missa ou que se declaram católicas? Não. Fazem parte da Igreja, corpo de Cristo, também todos aqueles que, embora não tenham, pelas mais diversas razões (tempo, espaço, cultura etc), participado visivelmente da Igreja, tenham vivido de alguma forma em consonância com seus ensinamentos e com os dez mandamentos. 

6) Assim sendo, uma pessoa que, sem conhecimento, vive ou viveu fora da Igreja visível, mas que teria aderido a esta mesma Igreja se houvesse conhecido acerca dela, pode, após a morte, juntar-se aos membros dessa mesma Igreja que já triunfaram, ou seja, juntar-se aos santos que estão diante de Deus. A pessoa pode, assim, salvar-se. 

7) Já aqueles que conhecendo a Igreja recusam-se a fazer parte dela, estão rejeitando o corpo de Cristo. Ora, recusar uma parte de Cristo é recusar o Cristo todo. E sem Cristo ninguém pode se salvar. Persistindo neste erro, a pessoa escolhe a própria condenação.

8) Disso resulta a importância de proclamarmos o verdadeiro Evangelho e trazermos todos à comunhão com este único Corpo de Cristo. Afinal, “Não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos.” At 4.20.

Fiquemos com Deus.

William

quarta-feira, 18 de maio de 2011

''Reforma da reforma'' na liturgia vai continuar, diz cardeal

A redução do Papa Bento XVI às restrições ao uso do Missal Romano de 1962, conhecido como rito tridentino, é apenas o primeiro passo em uma "reforma da reforma" na liturgia, disse o principal ecumenista do Vaticano.

A reportagem é de John Thavis, publicada no sítio Catholic News Service, 14-05-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O objetivo de longo prazo do papa não é simplesmente permitir que os ritos velhos e novos convivam, mas ir em direção a um "rito comum", que seja moldado pelo enriquecimento mútuo das duas formas da missa, disse o cardeal Kurt Koch (foto), presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos.

Com efeito, o papa está lançando um novo movimento de reforma litúrgica, disse o cardeal. Aqueles que resistem a ele, incluindo os progressistas "rígidos", veem equivocadamente o Concílio Vaticano II como uma ruptura com a tradição litúrgica da Igreja, afirmou.

O cardeal Koch fez essas declarações em uma conferência em Roma sobre a "Summorum Pontificum", a carta apostólica do Papa Bento XVI de 2007, que ofereceu uma maior amplitude para o uso do rito tridentino. O texto do cardeal foi publicado no mesmo dia pelo L'Osservatore Romano, o jornal do Vaticano.

O cardeal Koch disse que o Papa Bento acredita que as mudanças litúrgicas pós-Vaticano II trouxeram "muitos frutos positivos", mas também problemas, incluindo um foco puramente em questões práticas e uma negligência do mistério pascal na celebração eucarística. O cardeal disse que é legítimo questionar se os inovadores litúrgicos intencionalmente foram além das intenções declaradas do Concílio.

Ele disse que isso explica por que o Papa Bento XVI introduziu um novo movimento de reforma, começando com a "Summorum Pontificum". O objetivo, afirmou, é revisitar os ensinamentos do Vaticano II sobre liturgia e reforçar certos elementos, como as dimensões cristológica e sacrificial da missa.

O cardeal Koch disse que a Summorum Pontificum é "apenas o começo desse novo movimento litúrgico".

"Na verdade, o Papa Bento sabe muito bem que, a longo prazo, não podemos nos deter em uma coexistência entre a forma ordinária e a forma extraordinária do rito romano, mas que, no futuro, a Igreja, naturalmente, mais uma vez, precisará de um rito comum", disse.

"No entanto, como uma nova reforma litúrgica não pode ser decidida teoricamente, mas exige um processo de crescimento e de purificação, o papa, por enquanto, está sublinhando, acima de tudo, que as duas formas do rito romano podem e devem se enriquecer mutuamente", explicou.

O cardeal Koch disse que aqueles que se opõem a esse novo movimento de reforma e o veem como um retrocesso com relação ao Vaticano II não possuem uma compreensão apropriada das mudanças litúrgicas pós-Vaticano II. Como o papa enfatizou, o Vaticano II não foi uma quebra ou uma ruptura com a tradição, mas sim parte de um processo orgânico de crescimento, disse.

No último dia da conferência, os participantes assistiram a uma missa celebrada segundo o rito tridentino no Altar da Cátedra da Basílica de São Pedro. O cardeal Walter Brandmüller presidiu a liturgia. Foi a primeira vez, em várias décadas, que o rito antigo foi celebrado nesse altar.

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