A redução do Papa Bento XVI às restrições ao uso do Missal Romano de 1962, conhecido como rito tridentino, é apenas o primeiro passo em uma "reforma da reforma" na liturgia, disse o principal ecumenista do Vaticano.
A reportagem é de John Thavis, publicada no sítio Catholic News Service, 14-05-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O objetivo de longo prazo do papa não é simplesmente permitir que os ritos velhos e novos convivam, mas ir em direção a um "rito comum", que seja moldado pelo enriquecimento mútuo das duas formas da missa, disse o cardeal Kurt Koch (foto), presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos.
Com efeito, o papa está lançando um novo movimento de reforma litúrgica, disse o cardeal. Aqueles que resistem a ele, incluindo os progressistas "rígidos", veem equivocadamente o Concílio Vaticano II como uma ruptura com a tradição litúrgica da Igreja, afirmou.
O cardeal Koch fez essas declarações em uma conferência em Roma sobre a "Summorum Pontificum", a carta apostólica do Papa Bento XVI de 2007, que ofereceu uma maior amplitude para o uso do rito tridentino. O texto do cardeal foi publicado no mesmo dia pelo L'Osservatore Romano, o jornal do Vaticano.
O cardeal Koch disse que o Papa Bento acredita que as mudanças litúrgicas pós-Vaticano II trouxeram "muitos frutos positivos", mas também problemas, incluindo um foco puramente em questões práticas e uma negligência do mistério pascal na celebração eucarística. O cardeal disse que é legítimo questionar se os inovadores litúrgicos intencionalmente foram além das intenções declaradas do Concílio.
Ele disse que isso explica por que o Papa Bento XVI introduziu um novo movimento de reforma, começando com a "Summorum Pontificum". O objetivo, afirmou, é revisitar os ensinamentos do Vaticano II sobre liturgia e reforçar certos elementos, como as dimensões cristológica e sacrificial da missa.
O cardeal Koch disse que a Summorum Pontificum é "apenas o começo desse novo movimento litúrgico".
"Na verdade, o Papa Bento sabe muito bem que, a longo prazo, não podemos nos deter em uma coexistência entre a forma ordinária e a forma extraordinária do rito romano, mas que, no futuro, a Igreja, naturalmente, mais uma vez, precisará de um rito comum", disse.
"No entanto, como uma nova reforma litúrgica não pode ser decidida teoricamente, mas exige um processo de crescimento e de purificação, o papa, por enquanto, está sublinhando, acima de tudo, que as duas formas do rito romano podem e devem se enriquecer mutuamente", explicou.
O cardeal Koch disse que aqueles que se opõem a esse novo movimento de reforma e o veem como um retrocesso com relação ao Vaticano II não possuem uma compreensão apropriada das mudanças litúrgicas pós-Vaticano II. Como o papa enfatizou, o Vaticano II não foi uma quebra ou uma ruptura com a tradição, mas sim parte de um processo orgânico de crescimento, disse.
No último dia da conferência, os participantes assistiram a uma missa celebrada segundo o rito tridentino no Altar da Cátedra da Basílica de São Pedro. O cardeal Walter Brandmüller presidiu a liturgia. Foi a primeira vez, em várias décadas, que o rito antigo foi celebrado nesse altar.
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=43387
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