domingo, 16 de outubro de 2011

O lugar não faz o santo



Os fiéis de Cristo desejam ardentemente alcançar a bem-aventurança eterna. E no que consiste esta perpétua felicidade? Ela consiste simplesmente no estar com Deus para todo o sempre. Deus será a recompensa daqueles que, apesar das quedas, encontrarem-se sustentados pela graça de Nosso Senhor, graça esta que Deus oferece abundantemente a todos. Os meios de salvação nunca nos faltam!

Mas, estamos sempre murmurando e colocando a culpa de nossa imperfeições no ambiente. Suspiramos, "Ah! Cristo pede-me que seja perfeito. Mas como ser perfeito neste mundo? Se ao menos eu estivesse em um convento, tudo seria mais fácil..." Contudo, não é o lugar que nos torna mais próximos de Deus, mas o que fazemos onde estamos. 

Outra atitude, esta um pouco mais relacionada ao relaxamento dos costumes, é aquela que justifica-se dizendo:"Já estou na Igreja, isso me basta!". Ora, novamente, não podemos acomodarmo-nos ao fato de estarmos na Igreja. Embora seja necessário, este não é o único requisito.

Se apenas o ambiente fosse suficiente para nossa salvação, os anjos não teriam caído, pois estavam no Céu, e Adão não teria pecado, visto que estava no Paraíso. Será que existe algum lugar na Terra que possa ser comparado ao Céu e ao Paraíso no que diz respeito à Santidade? Duvido...E mesmo no Céu e no Paraíso, seres dotados de livre vontade caem...

Certa vez Paulino, amigo de São Jerônimo, estava muito admirado pelo fato de este encontrar-se em Jerusalém, Cidade Santa e repleta de vestígios da passagem de Nosso Senhor por este mundo, e demonstrava o seu grande interesse em também um dia estar naquele precioso local. A isso respondeu o Santo Tradutor:  Mais importante que estar em Jerusalém, é estar bem em Jerusalém. De nada vale estar em Jerusalém, mas ainda encontrar-se dominado por vícios e pecados de todos os tipos. Mais vale estarmos onde Deus nos colocou, mas sempre combatendo o bom combate a fim de que cheguemos ao alvo pelo qual tanto devemos ansiar.

Aqueles que estão na Igreja devem lembrar-se de sua obrigação em progredir espiritualmente, pois, na vida espiritual, não progredir significa regredir. É nossa obrigação buscarmos diariamente transformar alguma coisa em nós, fazermos de cada dia que Cristo nos concede um degrau que nos leve adiante, sempre para cima, nesta "escada de Jacó". Cada dia podemos eliminar uma imperfeição que nos acomete e, assim, paulatinamente ir subindo em direção ao Pai que nos espera para nos abraçar e dizer: "Bem-vindo, meu Filho!". Hoje, combaterei meu egoísmo, amanhã a minha gula, depois, minha violência e assim sucessivamente. Vigiai e orai, diz Nosso Senhor no Evangelho e o glorioso Apóstolo Paulo nos alerta: Vós que estais em pé, cuideis para não cairdes. Mas para não cairmos, para não sermos levados pela correnteza de nossos pecados, é necessário que caminhemos resolutamente rumo à outra margem, pois se simplesmente permanecermos como estamos, seremos levados pelas impetuosas ondas que tentam nos afogar; estaremos mais afastados d'Aquele que deve ser o objetivo máximo de nossa vida.

Se cairmos durante esta caminhada, e seguramente cairemos, lembremos de nossa doce Mãe que não cessa de lançar seus olhos misericordiosos para nós, pois, tentar chegar a Cristo sem Maria é como tentar voar sem asas. Uma vez em pé novamente, continuemos com nossa caminhada, sempre pedindo a intercessão daquela que diz: Fazei tudo o que Ele vos disser. De nossa parte, façamos tudo o que Ele nos disser e estejamos sempre em oração, pois não tem desculpa o que cai em uma falta grave sabendo que sempre tem o recurso da oração junto de si e que Deus está sempre pronto a nos atender em tudo o que for necessário para nossa salvação.

Que Deus nos abençoe,

William Bottazzini

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