Dando continuidade ao texto
“Mentiras na aula de História”, no qual tratamos das terríveis distorções que
são moeda corrente nas aulas de História atualmente no que se refere à Idade
Média, propomo-nos agora a recuperar fatos que são intencionalmente omitidos.
O período medieval recebeu o
ignominioso epíteto de “Idade das Trevas”. Esta teria sido uma época de
escuridão intelectual e de ignorância, ambas fomentadas pelo fanatismo da
Igreja católica. Para desfazer tamanha asneira, não é necessário recorrer a
grandes teorias e sistemas, bastam os dados reais e concretos que aí estão
disponíveis para quem quiser ver.
Se a Idade Média foi na verdade um
dos períodos mais brilhantes da História, isso se deu graças à mentalidade
cristã que a Igreja conseguiu imprimir àquela sociedade.
A ordem de Jesus de que devemos
amar ao próximo como a nós mesmos e a moral do bom samaritano foram colocadas
em prática em toda a extensão da Cristandade. Foi durante a Idade Média que se
pôs termo à escravidão, prática comum no mundo antigo. Foi também neste período
que ocorreu o resgate da mulher, pois no mundo antigo as mulheres eram
relegadas à mera procriação, sendo que os homens dispunham inclusive de suas
vidas. Antes do cristianismo e da Igreja, as poucas mulheres que conseguiram
algum destaque apenas o conseguiram devido à imoralidade. Foi a imoralidade que
fez a fama das mulheres no mundo greco-romano, como são os casos de Cleópatra,
Safo, Agripina e Messalina. Com o cristianismo o homem é convidado a amar a
mulher como a si mesmo e dentro de uma sociedade cristã as mulheres se tornam
pudicas e virtuosas. Em muitas situações elas ocupam o primeiro plano e servem
de grandes modelos para gerações inteiras: Joana d’Arc, Clotilde, Teresa
d’Ávila, Catarina de Sena, Mônica e tantas outras que figuram nos altares de
nossa Igreja como exemplos esplendorosos. A igreja reconhece o casamento como
um sacramento e protege a instituição familiar, verdadeira célula da sociedade,
contra todos os abusos.
Também o cuidado com o fraco foi
obra da Igreja. É na Idade Média que surgem os hospitais para cuidar
(gratuitamente!) de todos os enfermos. As crianças que perderam seus pais
encontram um doce abrigo nos orfanatos mantidos pelos bispos e por outras almas
piedosas. Todos que quisessem podiam ter acesso à educação nas escolas (outra
invenção medieval) catedráticas ou monásticas. As caixas comuns que serão o
socorro de muitos que não puderem trabalhar e serão a grande ajuda na velhice,
também datam desta época. Na Idade Média o fraco e o pequeno têm direitos! E
por falar em direitos, como não reconhecer a importância da Igreja para o
estudo das leis? O alvorecer majestático das ciências jurídicas é outro fruto
medieval.
Não diz o livro da Sabedoria que
Deus dispôs tudo com “com medida, quantidade e peso” (cf. Sab. 11:20)? Pois
bem, então o mundo não é um caos é pode ser estudado e racionalmente
compreendido. É esta mentalidade que faz surgir o estudo da ciência e com ele
aquilo que foi glória desta época de “ignorância”: o surgimento das
universidades. Quanta sabedoria data da época medieval: Agostinho de Hipona (que, embora vivesse antes da queda de Roma, exercera uma influência enorme na Idade Média),
Tomás de Aquino, Isidoro de Sevilha, Alberto Magno, Boaventura, Bernardo de
Claraval, Anselmo da Cantuária e toda uma plêiade de intelectuais jamais igualada
em nenhuma outra época!
Enquanto em nossa sociedade
“avançada” proliferam os estádios e as arenas de luta (o que nos lembra muito a
Roma decadente), a Idade Média viu florescer em seus jardins catedrais e universidades, que
ainda hoje fazem a glória de uma Europa que se esqueceu de suas origens
medievais. Tudo isso por causa da Igreja.
As línguas faladas hoje na
Europa, as artes, a música e tudo aquilo que mais toca a nossa alma tem uma
profunda raiz medieval.
Mesmo que se omitam nas nossas
escolas todas essas informações, a Idade Média será sempre a Idade da Luz!
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