EXTRA ECCLESIAM NULLA SALUS

terça-feira, 8 de maio de 2012

Respondendo a objeções comuns acerca de Maria

Em resposta à postagem what the Magnificat tells us about Marian veneration [o que o Magnificat nos diz sobre a veneração mariana], um leitor protestante levantou certo número de objeções e acredito que outros leitores possam estar debatendo-se sobre elas:

“Minha alma engrandece o (exulta no) Senhor. E meu espírito alegrou-se em Deus meu salvador (salvou-a de quê?), pois Ele viu a pequenez de sua serva; desde agora todas as gerações chamar-me-ão de bendita.”

Maria não diz que todas as pessoas vão chamá-la de bendita, mas “todas as gerações.” E eu acho que nós podemos dizer com confiança que todas as gerações chamaram-na de bendita e continuarão a fazê-lo. Nunca encontrei um protestante que diria que  Maria não foi bendita.

Lorenzo Costa, A Sagrada Família (c. 1500)
O que nem Maria, nem os apóstolos, nem os protestantes disseram foi que ela seria chamada de Mãe de Deus ou de Rainha do Céu ou de Rainha dos Apóstolos. Ela também não disse que as pessoas deveriam adorá-la ou rezar para ela ou pedir-lhe que intercedesse por elas.  Ela também não disse que ela seria perpetuamente virgem ou que nascera sem pecado ou que seria assunta em corpo para o Céu.

A última vez que nós lemos sobre Maria no Novo Testamento é em Atos 1:14. Ela estava no cenáculo com os discípulos e os irmãos do Senhor. Não há outra menção acerca dela depois disso. Em Apocalipse lemos da consumação de todas as coisas e de um novo Céu e de uma nova Terra, mas não há nenhuma menção de Maria.

Dado que nem os Apóstolos nem os padres apostólicos, tanto quanto eu saiba, disseram uma palavra sobre Maria, é a sua opinião que eles tiveram um “problema com Maria”.

Há muito a ser tratado aqui, mas deixe-me tratar do básico.

1.Deus salvou Maria do pecado. Do mesmo modo, se eu pegar um vaso antes que ele se quebre, eu estou salvando-o de quebrar-se. Ou do mesmo modo que Deus nos salva de todos aqueles pecados que cometeríamos sem a Sua graça. Então sim, Maria foi salva

2.Concordo, Maria diz “todas as gerações”, não “todas as pessoas”. Meu argumento é que as únicas pessoas que honraram Maria por inúmeras gerações antes da Reforma foram indiscutivelmente os católicos e os ortodoxos, e  tinham uma visão de Maria que muitos protestantes (incluindo este leitor) aparentemente considerariam idolátrica. Se estas gerações devem ser condenadas por seu tratamento a Maria, por que são louvadas na Escritura por seu tratamento a Maria?

Ícone de Jesus e Maria do sexto século
3.Verdade, a Escritura não diz “Mãe de Deus”, assim como ela não diz “Trindade”. Mas mesmo assim ambas as doutrinas são verdadeiras. Que Maria é a Mãe de Deus é óbvio, pois (a) Jesus é Deus [João 20:26-28], e (b) Maria é sua Mãe [Lucas 2:51]. Ela foi declarada Theotokos, o que significa Mãe de Deus (ou literalmente, “aquela que carrega Deus"), no Primeiro Concílio de Éfeso em 431, o qual todas as gerações de Cristãos entre 431 e a Reforma aceitaram. 

4.Os católicos não adoram Maria. Entendo que pode parecê-lo às pessoas que não entendem o catolicismo e/ou adoração, mas acredite em mim, nós não a adoramos...e nós saberíamos se o fizéssemos, não é certo?

5.Contrariamente à alegação do leitor, eu diria que Maria é mencionada no Apocalipse. Veja Apocalipse 12, onde a Mãe de Jesus é retratada em batalha contra Satanás, e é sobrenaturalmente preservada do mal.

6.Maria alegou sim ser uma virgem perpétua na resposta à Anunciação do anjo Gabriel [Lucas 1:34]. Por isso ela está confusa sobre como ela pode se tornar a Mãe de Deus. A frase em que ela não conhece nenhum homem apenas faz sentido no contexto da virgindade perpétua, dado que ela já estava casada. Novamente a virgindade perpétua de Maria foi afirmada por numerosas gerações no seio da Igreja antes da Reforma e mesmo reafirmada por Martinho Lutero e Zuínglio, e da mesma forma pelos primeiros anglicanos e por John Wesley  (e Calvino não se opunha à ideia).

Damián Forment, Nossa Senhora do Coro (1515)
7.As doutrinas marianas foram descritas desde muito cedo. Por exemplo, em São Justino Mártir (160 d.C), Irineu (180 d.C) e Tertuliano (160-220 d.C). Todos estes descrevem Jesus e Maria como o paralelo de Adão e Eva. Irineu capta isso de modo sucinto, ao se referir à “referência em sentido contrário de Maria a Eva”, e que “o nó da desobediência de Eva soltou-se pela obediência de Maria. Pois o que a virgem Eva atou fortemente através da descrença, a virgem Maria  liberou através da fé.” Por falar em comparação, o primeiro uso conhecido da palavra “Trindade” foi feito por Teófilo de Antioquia em 181 d.C...depois que Justino e Irineu haviam escrito sobre Maria como a Nova Eva. Logo, não se queira dar a entender que isso seja alguma inovação tardia.

8.Finalmente, o que dizer sobre a alegação de que os apóstolos nunca disseram uma palavra sobre “Maria”? Leia o Evangelho de Mateus ou o Evangelho de João. Maria é repetidamente mencionada. Para iniciantes, leiam-se Mateus 1-2, João 2:1-11 e João 19:26-27. Ela também ganha um tratamento aprofundado nos primeiros dois capítulos de Lucas, que parecem descrever a Natividade e a Infância de Cristo através de seus olhos. Reconheço que algumas comunidades protestantes enfatizam os Atos e as Epístolas Paulinas mais que os verdadeiros Evangelhos (por alguma razão), mas se você ler os Evangelhos, ela sem dúvida estará lá.

Diante disso tudo, não creio que sejam os católicos os que têm problemas com Maria. Estamos de acordo com a Fé da Cristandade histórica. E uma vez que o Magnificat mostra o tratamento histórico da Cristandade para com Maria de uma forma positiva, é exatamente aí onde precisamos estar.


Traduzido por William Bottazzini

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