EXTRA ECCLESIAM NULLA SALUS

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Litania Humilitatis

Aqui está minha tradução para o latim da bela Ladainha da Humildade (Litany of Humility) do cardeal Merry del Val


Litania Humilitatis

Iesu, mitis et humilis corde, exaudi me

A cupiditate, ut amer, libera me Domine
A cupiditate, ut exalter, libera me Domine
A cupiditate, ut honorer, libera me Domine
A cupiditate, ut lauder, libera me Domine
A cupiditate, ut aliis praeferar, libera me Domine
A cupiditate, ut consular, libera me Domine
A cupiditate, ut approber, libera me Domine

A timore, ne humilier, libera me Domine
A timore, ne spernar, libera me Domine
A timore,  ne contemnar, libera me Domine
A timore, ne calumniam feram, libera me Domine
A timore, ne oblivioni tradar, libera me Domine
A timore, ne irridear, libera me Domine
A timore, ne iniuriam accipiam, libera me Domine
A timore, ne suspiciar, libera me Domine

Ut magis alii amentur quam ego, Iesu, da mihi gratiam desiderandi
Ut pluris alii aestimentur quam ego, Iesu, da mihi gratiam desiderandi
Ut alii extollantur in mundi existimatione, ego autem minuar, Iesu, da mihi gratiam desiderandi
Ut alii eligantur, ego autem praeterear, Iesu, da mihi gratiam desiderandi
Ut alii mihi in omnibus rebus praeferantur, Iesu, da mihi gratiam desiderandi
Ut alii me, quoad sanctus fieri possim, sanctiores sint , Iesu, da mihi gratiam desiderandi

Versão corrigida em 11/09/2019

O Iesu, mitis et humilis corde,
exaudi me.

A cupiditate magnae existimationis,
libera me, Iesu.
A cupiditate dilectionis,
libera me, Iesu.
A cupiditate gloriae,
libera me, Iesu.
A cupiditate honoris,
libera me, Iesu.
A cupiditate laudis,
libera me, Iesu.
A cupiditate praelationis,
libera me, Iesu.
A cupiditate consiliorum dandorum,
libera me, Iesu.
A cupiditate approbationum,
libera me, Iesu.

A timore humiliationis,
libera me, Iesu.
A timore contemptus,
libera me, Iesu.
A timore repulsae,
libera me, Iesu.
A timore calumniarum,
libera me, Iesu.
A timore oblivionis nominis mei,
libera me, Iesu.
A timore deridiculi,
libera me, Iesu.
A timore iniuriarum,
libera me, Iesu.
A timore suspicionis, 
libera me, Iesu.

Ut ceteri magis amentur quam ego, 
Iesu, mihi gratiam id optandi concede. 
Ut ceteri pluris aestimentur quam ego, 
Iesu, mihi gratiam id optandi concede. 
Ut hominum opinione ceteri in dies plus valeant, ego autem minus, 
Iesu, gratiam id optandi mihi concede. 
Ut ceteri eligantur, ego autem reiciar, 
Iesu, gratiam id optandi mihi concede. 
Ut ceteri laudentur, ego autem praetermittar,
Iesu, gratiam id optandi mihi concede. 
Ut ceteri mihi omnibus in rebus anteponantur, 
Iesu, gratiam id optandi mihi concede. 
Ut ceteri sanctiores fiant quam ego, dummodo, quam mihi opus sit, tam sanctus fiam. 
Iesu, mihi gratiam id optandi concede. 



Tradução para o latim feita por William Bottazzini

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O Concílio Vaticano II é o 21º na lista dos Concílios Ecumênicos


Percurso histórico dos 20 Concílios anteriores
Mons. Vitaliano Mattioli*

CRATO, quarta-feira, 8 de agosto de 2012 (ZENIT.org) - No dia 11 de outubro de 2012 celebra-se a abertura do Concílio Vaticano II, o 21º na lista dos Concílios Ecumênicos.

Trata-se de uma oportunidade histórica para lembrar os últimos 20 Concílios Ecumênicos.

Na verdade o primeiro Concílio foi aquele de Jerusalém, citado por S. Lucas nos Atos dos Apóstolos (cap. 15), em torno do ano 50. Chama-se Apostólico porque convocado pelos Apóstolos para resolver algumas questões sobre os judeus convertidos ao cristianismo e a sujeição à lei de Moisés.
Em seguida foram celebrados alguns concílios locais.

Depois da paz de Constantino e do Edito de Milão (na verdade, foi proclamado em Tessalônica), no ano 313, o exercício da nova religião cristã foi reconhecido no Império e a Igreja ganhou a sua liberdade no sentido de que saiu da clandestinidade: de religião não lícita passou a ser reconhecida como religião lícita.

Define-se um Concílio Ecumênico quando não é celebrado por uma Igreja particular, como por exemplo aquele de Elvira (Espanha) no 304, e quando tem a característica de universalidade, quando se convoca todo o Ecúmeno, ou seja os Bispos das várias dioceses. Leva o nome da cidade onde foi celebrado.

I) – Primeiro Concílio de Nicéia (Turquia -19 de Junho a 25 de Julho de 325). Foi convocado pelo "Imperador Constantino para examinar a doutrina de Ário que negava a divindade de Cristo. Este Concílio condenou a doutrina de Ário e definiu o dogma da divindade de Cristo. Formação do Símbolo Niceno (fórmula breve do Credo).

II) – Primeiro Concílio de Constantinopla (Turquia - de maio a Julho de 381). Definiu o dogma da divindade do Espírito Santo. O Espírito Santo é Deus, como o Pai e o Filho. Formação do Símbolo Niceno-Costantinpolitano (fórmula longa do Credo).

III) – Concílio de Éfeso (Turquia - 22 de Junho a 31 de Julho de 431). Contra Nestório, proclamou o dogma de Maria Mãe de Deus, a Teothokos.

IV) – Concílio de Calcedônia (8 de outubro a 1 de novembro de 451). Condenação do monofisismo. Declaração de que em Cristo há duas naturezas (divina e humana), na única pessoa divina.

V) – Segundo Concílio de Constantinopla (Turquia -5 de maio a 2 de Junho de 553). Confirmação das anteriores heresias cristológicas e trinitárias.

VI) – Terceiro Concílio de Constantinopla (Turquia -7 de Novembro de 680 a 16 de Setembro de 681). Condenação do monotelismo. Em Cristo há duas vontades (humana e divina), assim como há duas naturezas, embora sendo uma a pessoa, aquela do Verbo.

VII) – Segundo Concílio de Nicéia (24 de Setembro a 23 de outubro de 787). Sobre a licitude do culto de veneração (e não de adoração) das imagens sagradas, colocando um ponto final na luta iconoclasta. Este segundo Concílio de Nicéia é o último Concílio reconhecido pela Igreja Ortodoxa. O Oriente, com o Concílio de Santa Sofia (879-880) decidiu não reconhecer mais os Concílios celebrados mais tarde pela Igreja de Roma. Esta decisão foi um precedente que levou ao cisma definitivo do 16 de Julho de 1054.

VIII) – Quarto Concílio de Constantinopla (Turquia - 5 de Outubro de 869 a 28 de fevereiro de 870). Tentativa de resolver o cisma do Patriarca Fócio. Confirma-se a licitude do culto às imagens sagradas e o primado do Romano Pontífice.

IX) – Primeiro Concílio de Latrão (Roma - 18 a 27 de marco de 1123). Contra o sistema da investidura leiga. Defende-se o direito da Igreja na eleição e consagração dos Bispos. Também condena-se a simonia.

X) – Segundo Concílio de Latrão (Roma - 4 de abril de 1139). Formularam-se alguns cânones sobre a disciplina do clero.

XI) – Terceiro Concílio de Latrão (Roma, do 5 a 19 de março de 1179). Condenação da heresia cátara; promulgação das leis contra a simonia; estabelecem-se normas e critérios para a eleição papal.

XII) – Quarto Concílio de Latrão (Roma - 11 a 30 de Novembro de 1215). Condenação dos erros trinitários de Joaquim de Fiore. Obrigação mínima da confissão e comunhão pascal. Definição da criação como ato livre de Deus.

XIII) –Primeiro Concílio de Lião (França - 28 de junho a 17 de julho de 1245). Ele reafirma a legitimidade do novo casamento após a morte de um cônjuge. Esclarecimento sobre o purgatório, inferno, céu.

XIV) - Segundo Concílio de Lião (França -7 de maio a 17 de Julho de 1274). Elaborou-se um regulamento para o conclave. Confirma-se a doutrina sobre o Espírito Santo, sobre a sorte das almas depois da morte e sobre o primado do Romano Pontífice.

XV) – Concílio de Viena (França – 16 de outubro de 1311 a 6 de maio de 1312). Supressão da Ordem dos Templários. Sustenta-se que a alma é forma substancial do corpo.

XVI) – Concílio de Constança (Suíça - 5 de Novembro de 1414 a 22 de abril de 1418). Solução do grande cisma do Ocidente. Condenação dos erros de Wicleff e de Huss. Esclarece-se a relação entre o Papa e o Concílio.

XVII) – Concílio de Basiléia, Ferrara, Florença, Roma (Suíça - Itália, 23 de Julho de 1431 a 7 de maio de 1437). Declarações sobre o Espírito Santo, sobre a Eucaristia e sobre os Novíssimos.

XVIII) – V Concílio de Latrão (Roma - 3 de maio de 1512 a 16 de marco de 1517). Declarações sobre a imortalidade da alma e decretos sobre a reforma da Igreja.

XIX) – Concílio de Trento (Itália - Roma – 13 de dezembro de 1545 a 4 de dezembro de 1563). Concílio da Contra-Reforma para corrigir os erros de Lutero e confirmar e esclarecer a doutrina da Igreja na sua totalidade.

XX) – Concílio Vaticano I (8 de dezembro de 1869 a 18 de Julho 1870). Declaração sobre a Doutrina da fé católica contra o liberalismo e o racionalismo. Sobre a estrutura da Igreja. Define-se o Primado do Papa e a sua infalibilidade.

XXI) - Concílio Vaticano II (11 de outubro de 1962 a 7 de dezembro de 1965).

* Mons. Vitaliano Mattioli, nasceu em Roma em 1938, realizou estudos clássicos, filosóficos e jurídicos. Foi professor na Universidade Urbaniana e na Escola Clássica Apollinaire de Roma e Redator da revista "Palestra del Clero". Atualmente é missionário Fidei Donum na diocese de Crato, no Brasil.
[Tradução do Italiano por Thácio Siqueira]

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Poucas linhas sobre a escravidão


A triste realidade da escravidão fez parte de praticamente todas as culturas da Antiguidade. Na Roma e na Grécia antigas a escravidão era moeda corrente, contudo devemos nos lembrar de que havia várias modalidades de escravidão, sendo muitas delas bastante confortáveis para o escravo, e que a escravidão independia da cor da pele de uma pessoa, mas de sua origem ou de um resultado desfavorável em um conflito. Durante a Idade Média há uma estagnação do comércio humano devido à moral judaico-cristã predominante neste período, embora houvesse comércio ilegal de escravos também nesta época, e o comércio humano, agora de forma quase sempre degradante, pois era feito por razões econômicas, volta a emergir durante aquele período que buscava resgatar a mentalidade pagã escravista dos antigos gregos e romanos: o Renascimento.
 Assim, podemos dizer também que a escravidão já era uma realidade do modus vivendi das populações que habitavam o continente negro, séculos antes da chegada das caravelas européias. A escravidão na África era praticada tanto no centro-sul animista quanto no norte muçulmano, embora aqui ela não acontecesse entre os muçulmanos, mas entre muçulmanos e membros de outras religiões. Seja como for, a escravidão conhecida pela África era mais similar àquela da Antiguidade greco-romana que àquela que lhe foi imposta pela cupidez renascentista. Durante o Renascimento, as recém-formadas nações européias, sempre em competição comercial entre si, valeram-se da mão de obra africana para o desenvolvimento de seus interesses comerciais e estabeleceram verdadeiras companhias de tráfico humano para sanar as limitações de trabalhadores em suas colônias. A mentalidade antropocentrista reinante nesta época, ao colocar o homem no centro, não indicava qual era o homem que deveria ir ao centro. A resposta proposta era que o europeu deveria estar no centro, e daí a justificativa absurda para a escravidão. Mais tarde outros atores serão propostos para o “centro” do Antropocentrismo (o burguês, o proletário, o alemão ariano), e as conseqüências serão ainda mais desastrosas. Poderíamos ainda avançar que o comércio escravista é a conseqüência do fim da idéia de Cristandade dominante na Idade Média e o surgimento dos Estados nacionais: as fronteiras foram geográfica e socialmente estabelecidas.
Os escravos trazidos para a América portuguesa, após dolorosas separações e em condições humilhantes, trabalhavam nas lavouras de cana-de-açúcar, morando em senzalas e alimentando-se dos restos da mesa do senhor de engenho. O trabalho era duro e as punições severas, ademais, de tempos em tempos os escravos eram (re)vendidos nas praças das cidades.