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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Poucas linhas sobre a escravidão


A triste realidade da escravidão fez parte de praticamente todas as culturas da Antiguidade. Na Roma e na Grécia antigas a escravidão era moeda corrente, contudo devemos nos lembrar de que havia várias modalidades de escravidão, sendo muitas delas bastante confortáveis para o escravo, e que a escravidão independia da cor da pele de uma pessoa, mas de sua origem ou de um resultado desfavorável em um conflito. Durante a Idade Média há uma estagnação do comércio humano devido à moral judaico-cristã predominante neste período, embora houvesse comércio ilegal de escravos também nesta época, e o comércio humano, agora de forma quase sempre degradante, pois era feito por razões econômicas, volta a emergir durante aquele período que buscava resgatar a mentalidade pagã escravista dos antigos gregos e romanos: o Renascimento.
 Assim, podemos dizer também que a escravidão já era uma realidade do modus vivendi das populações que habitavam o continente negro, séculos antes da chegada das caravelas européias. A escravidão na África era praticada tanto no centro-sul animista quanto no norte muçulmano, embora aqui ela não acontecesse entre os muçulmanos, mas entre muçulmanos e membros de outras religiões. Seja como for, a escravidão conhecida pela África era mais similar àquela da Antiguidade greco-romana que àquela que lhe foi imposta pela cupidez renascentista. Durante o Renascimento, as recém-formadas nações européias, sempre em competição comercial entre si, valeram-se da mão de obra africana para o desenvolvimento de seus interesses comerciais e estabeleceram verdadeiras companhias de tráfico humano para sanar as limitações de trabalhadores em suas colônias. A mentalidade antropocentrista reinante nesta época, ao colocar o homem no centro, não indicava qual era o homem que deveria ir ao centro. A resposta proposta era que o europeu deveria estar no centro, e daí a justificativa absurda para a escravidão. Mais tarde outros atores serão propostos para o “centro” do Antropocentrismo (o burguês, o proletário, o alemão ariano), e as conseqüências serão ainda mais desastrosas. Poderíamos ainda avançar que o comércio escravista é a conseqüência do fim da idéia de Cristandade dominante na Idade Média e o surgimento dos Estados nacionais: as fronteiras foram geográfica e socialmente estabelecidas.
Os escravos trazidos para a América portuguesa, após dolorosas separações e em condições humilhantes, trabalhavam nas lavouras de cana-de-açúcar, morando em senzalas e alimentando-se dos restos da mesa do senhor de engenho. O trabalho era duro e as punições severas, ademais, de tempos em tempos os escravos eram (re)vendidos nas praças das cidades.

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