Recentemente uma notícia pareceu
abalar a comunidade científica internacional. Karen King, professora de
Teologia da prestigiada Universidade de Harvard, anunciou ter encontrado um
fragmento do quarto século de cerca de vinte e quatro centímetros quadrados escrito
em copta, uma antiga língua das regiões do Egito, onde estaria presente uma
frase que parece apontar para o fato de Jesus ter tido uma esposa. No fragmento
pode ser lida a seguinte frase: “Jesus disse a eles, minha esposa”.
E lá vamos nós de novo com toda
essa história de que Jesus pode ter sido casado. Há alguns anos, o escritor Dan
Brown em seu lamentável “Código da Vinci” já havia levantado a hipótese de que
Jesus poderia ter tido um relacionamento com Maria Madalena e na ocasião fora
vigorosamente refutado por várias personalidades acadêmicas cristãs ou não. Mesmo
parecendo desnecessário, isso precisou ser feito porque muitas pessoas não
entenderam que se tratava apenas de uma obra (bem ruim) de ficção e acabaram
levando a sério toda aquela papagaiada.
Há anos a corrente feminista, que
tira as suas más ideias do marxismo, tenta de alguma forma se infiltrar na
Igreja. Diante da impossibilidade da aprovação do sacerdócio feminino, tentam
desesperadamente arrumar algum meio de provar que houve na história uma “senhora
esposa de Jesus”, para tentar abalar o cristianismo em sua raiz e subverter
toda a ordem estabelecida.
Ao ler a palavra “esposa” no
documento, a professora King já foi logo metendo os pés pelas mãos e tirando a
conclusão de que pode se tratar de uma companheira de Jesus. A professora
sustenta sua ideia com a afirmação de que nenhum documento da antiguidade diz
que Jesus não foi casado. Vemos aqui o uso do famoso argumento ad ignoratiam, ou seja, se ninguém diz o
contrário é porque é verdade. Assim, se ninguém nunca disse que não existem
mamutes escondidos atrás dos postes da Avenida Paulista, é porque eles devem
existir.
Ora se ninguém nunca disse na
Antiguidade que Jesus não foi casado, é porque ele realmente não foi casado. Desde
os seus princípios a Igreja, sem desprezar o casamento, sempre viu o heroísmo
daqueles que se tornaram eunucos (isto é, celibatários) pelo Reino dos Céus e
São Paulo diz que é melhor se dedicar exclusivamente às coisas do Alto. É claro
que os Apóstolos teriam aprendido estas coisas não apenas da boca de Jesus, mas
também de seus atos.
Ademais, deve-se ressaltar que diversos
estudiosos já colocaram em dúvida à autenticidade do documento apresentado pela
professora King, É provável que se trate de pura e simples farsa, como foi o
caso do malfadado Evangelho Secreto de Marcos.
Aquilo que mais espanta é vermos
como que uma professora de Teologia lê em um texto referente a Jesus a palavra
“esposa” e pensa imediatamente em matrimônio carnal. Acontece que a palavra “esposa”
também é empregada no Novo Testamento ao lado do nome de Jesus, e desde sempre
esta palavra foi interpretada como sendo a Igreja, a noiva de Cristo. Caso o
fragmento seja autêntico, é neste sentido que a palavra esposa deve ser
interpretada. E o fato de o achado ser um fragmento também nos coloca em
guarda, uma vez que não se pode interpretar praticamente nada de algo que
carece de um contexto mais amplo.
Infelizmente há estudiosos que se
sujeitam a pegar qualquer pedaço de pau (ou de supostos fragmentos) para atacar
o cristianismo.
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