Este espaço tem como objetivo defender a Igreja e o Papa contra as heresias em voga, bem como compartilhar pensamentos, orações e meditações e, por fim, esclarecer dúvidas referentes ao catecismo, à doutrina ou à história da Igreja.
EXTRA ECCLESIAM NULLA SALUS
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
História da Igreja (2º aula): Um arauto do Espírito - 2º Parte/b
Conheci hoje o seu canal no youtube, e suas aulas sobre história da Igreja.A obra de Daniel Rops é certamente riquíssima, além de ser uma leitura bastante agradável. Porém, nos últimos 50 anos, a historiografia passou por drásticas mudanças. Não falo aqui do marxismo( esse também passou por profundas mudanças),falo da escola do anais. Então... a obra de Daniel Rops, está em alguns pontos ultrapassada.Novos métodos,objetos e abordagens, possibilitaram a desconstrução de alguns "Mitos" e o surgimento de novas interpretações. Mudanças também na forma de se escrever obras históricas. Eu, particularmente, sinto bastante falta, por exemplo, das notas de roda-pé. Nas ultimas décadas, houve uma grande produção nas áreas de história medieval, antiga, moderna,contemporânea, etc...Que devem ser consideradas. O recado é esse: Tomar cuidado com conceitos e interpretações ultrapassados, até mesmo com a bibliografia indicada por Rops. Há uma coleção de história da Igreja, organizada pelo padre Hubert Judin,"Manual De Historia De La Iglesia", composta de onze volumes, escrita por vários autores especialistas em cada tema, bem interessante. E parabéns pela inciativa! Certamente precisamos conhecer mais a história da Igreja.
Fico muito grato por suas palavras de apoio para com este tão modesto apostolado.
Passemos então às questões técnicas de historiografia.
Em primeiro lugar a Escola dos Annales é de cunho marxista, embora de um marxismo mitigado, como fica patente pela própria definição de história dada por Bloch, um dos fundadores dos Annales. Diz Bloch em seu Ofício do Historiador: "A história é o estudo dos homens no tempo". Embora o autor francês fosse competentíssimo em seus estudos, não se nega o valor de sua obra sobre o feudalismo, por exemplo, ele simplesmente exclui Deus da história. Simples assim. Não há Deus, não há Encarnação do Verbo de Deus. A história é algo que tem o homem como princípio e fim de tudo, neste mundo. Um historiador cristão não pode admitir essa visão...Aliás, os princípios do marxismo devem ser rejeitados completamente por um historiador cristão. Por negar a verdade, o marxismo é vandalismo contra o bom senso e a lógica mais elementares.
Cuidado com as bobagens marxistas erigidas em dogmas. Coisas do tipo "não existe verdade em história", "o documento não ensina a verdade, mas apenas uma visão de mundo", "isso era verdade antes, agora a verdade mudou", "cada um tem a sua interpretação" são simplesmente tolices que ganharam um tom de sensatez de tanto serem repetidas.
É uma pena que o marxismo tenha passado por mudanças e não tenha desaparecido completamente...
A melhor obra já escrita sobre as mudanças ocorridas na Antiguidade é "A Cidade Antiga" de Fustel de Coulanges e foi escrita no século XIX...e o "ab Urbe Condita" de Tito Lívio escrito há cerca de 2000 anos é o que há de mais interessante acerca das origens de Roma. O livro "L'Histoire Religieuse de la Révolution Française" de Pierre de la Gorce, escrito no primeiro quartel do século XX, é referência obrigatória para quem quiser entender o nefasto acontecimento que foi a Revolução Francesa.
Os tempos e as historiografias podem mudar, mas a verdade continua em pé, também em história.
É claro que um autor, por mais competente que seja, pode errar, e neste caso devemos nos voltar a outras fontes para prosseguirmos em nossa caminhada rumo ao conhecimento, rumo à verdade.
Sei das carências, omissões e eventuais erros de Rops (por exemplo,no livro IV ele afirma que na Idade Média se acreditava que a terra fosse plana, o que é falso), mas, repito-o, decidi utilizá-lo por ser o que há de mais completo em matéria de história da Igreja possível de ser encontrado em língua portuguesa. Pretendo sanar as dificuldades que surgirem à luz de uma bibliografia mais autorizada em cada tema. Não obstante o acima explanado, a coleção de Rops continua sendo um excelente norte.
Tenho ciência da importância dos escritos de Jedin, mas recomendo mais ainda a leitura do trabalho do pe. Bernardino Llorca.
Olá, William.
ResponderExcluirConheci hoje o seu canal no youtube, e suas aulas sobre história da Igreja.A obra de Daniel Rops é certamente riquíssima, além de ser uma leitura bastante agradável. Porém, nos últimos 50 anos, a historiografia passou por drásticas mudanças. Não falo aqui do marxismo( esse também passou por profundas mudanças),falo da escola do anais. Então... a obra de Daniel Rops, está em alguns pontos ultrapassada.Novos métodos,objetos e abordagens, possibilitaram a desconstrução de alguns "Mitos" e o surgimento de novas interpretações. Mudanças também na forma de se escrever obras históricas. Eu, particularmente, sinto bastante falta, por exemplo, das notas de roda-pé. Nas ultimas décadas, houve uma grande produção nas áreas de história medieval, antiga, moderna,contemporânea, etc...Que devem ser consideradas. O recado é esse: Tomar cuidado com conceitos e interpretações ultrapassados, até mesmo com a bibliografia indicada por Rops. Há uma coleção de história da Igreja, organizada pelo padre Hubert Judin,"Manual De Historia De La Iglesia", composta de onze volumes, escrita por vários autores especialistas em cada tema, bem interessante. E parabéns pela inciativa! Certamente precisamos conhecer mais a história da Igreja.
Que Deus abençoe esse projeto!
Prezado Lucas,
ResponderExcluirFico muito grato por suas palavras de apoio para com este tão modesto apostolado.
Passemos então às questões técnicas de historiografia.
Em primeiro lugar a Escola dos Annales é de cunho marxista, embora de um marxismo mitigado, como fica patente pela própria definição de história dada por Bloch, um dos fundadores dos Annales. Diz Bloch em seu Ofício do Historiador: "A história é o estudo dos homens no tempo". Embora o autor francês fosse competentíssimo em seus estudos, não se nega o valor de sua obra sobre o feudalismo, por exemplo, ele simplesmente exclui Deus da história. Simples assim. Não há Deus, não há Encarnação do Verbo de Deus. A história é algo que tem o homem como princípio e fim de tudo, neste mundo. Um historiador cristão não pode admitir essa visão...Aliás, os princípios do marxismo devem ser rejeitados completamente por um historiador cristão. Por negar a verdade, o marxismo é vandalismo contra o bom senso e a lógica mais elementares.
Cuidado com as bobagens marxistas erigidas em dogmas. Coisas do tipo "não existe verdade em história", "o documento não ensina a verdade, mas apenas uma visão de mundo", "isso era verdade antes, agora a verdade mudou", "cada um tem a sua interpretação" são simplesmente tolices que ganharam um tom de sensatez de tanto serem repetidas.
É uma pena que o marxismo tenha passado por mudanças e não tenha desaparecido completamente...
A melhor obra já escrita sobre as mudanças ocorridas na Antiguidade é "A Cidade Antiga" de Fustel de Coulanges e foi escrita no século XIX...e o "ab Urbe Condita" de Tito Lívio escrito há cerca de 2000 anos é o que há de mais interessante acerca das origens de Roma. O livro "L'Histoire Religieuse de la Révolution Française" de Pierre de la Gorce, escrito no primeiro quartel do século XX, é referência obrigatória para quem quiser entender o nefasto acontecimento que foi a Revolução Francesa.
Os tempos e as historiografias podem mudar, mas a verdade continua em pé, também em história.
É claro que um autor, por mais competente que seja, pode errar, e neste caso devemos nos voltar a outras fontes para prosseguirmos em nossa caminhada rumo ao conhecimento, rumo à verdade.
Sei das carências, omissões e eventuais erros de Rops (por exemplo,no livro IV ele afirma que na Idade Média se acreditava que a terra fosse plana, o que é falso), mas, repito-o, decidi utilizá-lo por ser o que há de mais completo em matéria de história da Igreja possível de ser encontrado em língua portuguesa. Pretendo sanar as dificuldades que surgirem à luz de uma bibliografia mais autorizada em cada tema. Não obstante o acima explanado, a coleção de Rops continua sendo um excelente norte.
Tenho ciência da importância dos escritos de Jedin, mas recomendo mais ainda a leitura do trabalho do pe. Bernardino Llorca.
Fique com Deus, e reze por nós.
William