EXTRA ECCLESIAM NULLA SALUS

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sobre a Morte


Publico hoje, para nossa meditação, um trecho de um documento da Igreja acerca da morte que me foi enviado pelo prior do Mosteiro de São Bento de Pouso Alegre, Dom Bento.

Fidelium Animae per Misericordiam Dei Requiescant in Pace.

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Da Constituição Pastoral “Gaudium et Spes” sobre a Igreja no mundo de hoje,do Concílio Vaticano II (Nos. 18-22).
O mistério da morte.
               Diante da morte, o enigma da condição humana atinge seu ponto alto. O homem não se aflige somente com a dor e a progressiva dissolução do corpo, mas também, e muito mais, com o temor da destruição perpétua. Mas o homem pensa retamente em seu íntimo, quando afasta com horror e repele a ruína total e a morte definitiva de sua pessoa. A semente de eternidade que ele leva dentro de si, não se reduzindo a só matéria, insurge-se contra a morte. Todas as conquistas da técnica, ainda que utilíssimas, não conseguem acalmar a angústia do homem. Com efeito, a prolongada longevidade biológica não lhe consegue satisfazer o desejo de viver sempre mais que existe inelutavelmente em seu coração.
               Enquanto toda a imaginação fracassa diante da morte, a Igreja, contudo, instruída pela Revelação divina, afirma que o homem foi criado por Deus para um fim feliz, fora dos limites da miséria terrestre. Além disso, ensina a fé cristã que a morte corporal, da qual o homem seria subtraído se não tivesse pecado, será vendida quando o homem for reintegrado por Deus todo-poderoso e misericordioso na salvação que o mesmo homem perdeu por sua culpa. Na verdade, Deus chamou e chama o homem para si com a sua natureza inteira, para que dê sua adesão a Deus na comunhão perpétua da incorruptível vida divina. Cristo conseguiu essa vitória por sua morte, libertando o homem da morte e ressuscitando para a vida. Para qualquer homem que reflete, a fé, apresentada com argumentos sólidos, dá uma resposta à angústia sobre a sorte futura. Ao mesmo tempo, a fé oferece a possibilidade de comunicar-se em Cristo com os irmãos queridos já arrebatados pela morte, trazendo a esperança de que eles tenham alcançado a verdadeira vida junto de Deus.
               É certo que a necessidade e o dever obrigam o cristão a lutar contra o mal através de muitas tribulações e a padecer a morte. Mas, associado ao mistério pascal, configurado à morte de Cristo e fortificado pela esperança, irá ao encontro da ressurreição.
               Isto é válido não somente para os cristãos, mas também para todos os homens de boa vontade em cujos corações a graça opera de modo invisível. Com efeito, tendo Cristo morrido por todos e, na verdade, sendo uma a vocação última do homem, isto é, divina, devemos admitir que o Espírito Santo oferece a todos a possibilidade para se associarem, de um modo conhecido por Deus, a este mistério pascal.
               Tal e tão grande é o mistério do homem que pela Revelação cristã brilha para os fiéis. Por Cristo e em Cristo, portanto, ilumina-se o enigma da dor e da morte, que fora de seu Evangelho, nos esmaga. Cristo ressuscitou, com sua morte destruindo a morte e concedendo-nos a vida para que, filhos no Filho, clamemos no Espírito: Abbá, Pai!

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