EXTRA ECCLESIAM NULLA SALUS

domingo, 7 de novembro de 2010

Todos os Santos: um sermão de São Bernardo



Hoje, sete de novembro, a Igreja comemora a solenidade de Todos os Santos! Hoje celebramos cada um de nossos amados irmãos e irmãs, anônimos ou não, que receberam a gloriosíssima recompensa de ver o Pai face a face, recompensa esta que devemos buscar a cada segundo, como o fim máximo de nossa existência.

Demonstramos o nosso amor ao nosso Criador ao obedecermos os Seus preciosíssimos mandamentos, e nosso galardão será o próprio Deus, estar com Ele para sempre. Ao obedecermos aos Santos Mandamentos de Nosso Senhor, dizemos expressamente que tudo o que queremos é passar o resto da eternidade ao Seu lado.

Prezados leitores, como sugestão de D. Bento Albertin, OSB, publico hoje este belo sermão de São Bernardo.

Pax Domini Sit Semper Vobiscum!

Todos os destaques são meus.

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Dos Sermões de São Bernardo, abade.
(Sermo 2: Opera omnia, Ed. Cisterc. 5[1968], 364-368 (Sec. XII)

Corramos para os irmãos que nos esperam

Que aproveitam aos Santos o nosso louvor, a nossa glorificação e até esta mesma solenidade? Para quê tributar honras terrenas a quem o Pai celeste glorifica, segundo a promessa verdadeira do Filho? De que lhes servem os nossos panegíricos? Os Santos não precisam das nossas honras e nada podemos oferecer-lhes com a nossa devoção.

Realmente, venerar a sua memória interessa-nos a nós e não a eles.

Por mim, confesso, com esta evocação sinto-me inflamado por um anelo veemente.

O primeiro desejo que a recordação dos Santos excita ou aumenta em nós é o de gozar da sua amável companhia, de merecermos ser concidadãos e comensais dos espíritos bem-aventurados, de sermos integrados na assembléia dos Patriarcas, na falange dos Profetas, no senado dos Apóstolos, no inumerável exército dos Mártires, na comunidade dos Confessores, nos coros das Virgens; enfim, de nos reunirmos e nos alegrarmos na comunhão de todos os Santos.

Aguarda-nos aquela Igreja dos primogênitos e nós ficamos insensíveis; desejam os Santos a nossa companhia e nós pouco nos importamos; esperam-nos os justos e nós parecemos indiferentes.

Despertemos, finalmente, irmãos. Ressuscitemos com Cristo, procuremos as coisas do alto, saboreemos as coisas do alto. Desejemos os que nos desejam, corramos para os que nos aguardam, preparemo-nos com as aspirações da nossa alma para entrar na presença daqueles que nos esperam. Não devemos apenas desejar a companhia dos Santos, mas também a sua felicidade, ambicionando com fervorosa diligência a glória daqueles por cuja presença suspiramos. Na verdade, esta ambição não é perniciosa, nem o desejo de tal glória é de modo algum perigoso.

Ao comemorarmos os Santos, um segundo desejo se inflama em nós: que, tal como a eles, Cristo, nossa vida, Se nos manifeste também e que nos manifestemos também nós com Ele revestidos de glória. É que de momento a nossa Cabeça revela-Se-nos não como é, mas como encarnou por nós, não coroada de glória, mas rodeada dos espinhos dos nossos pecados. Envergonhemo-nos de sermos membros tão requintados sob uma Cabeça coroada de espinhos, à qual por agora a púrpura não proporciona honras mas afronta. Chegará o momento da vinda de Cristo; e já não se anunciará a sua morte, para sabermos que também nós estamos mortos e que a nossa vida está escondida com Ele.

Aparecerá a Cabeça gloriosa e com ela resplandecerão os membros glorificados, quando Ele transformar o nosso corpo mortal e o tornar semelhante ao corpo glorioso da Cabeça que é Ele mesmo.

Desejemos pois esta glória com total e segura ambição. Mas para podermos esperar tal glória e aspirar a tamanha felicidade, devemos desejar também ardentemente a intercessão dos Santos, a fim de nos ser concedido pelo seu patrocínio o que as nossas possibilidades não alcançam.

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